Desventuras de Vestibulando

Texto de: Silmara Spoy

Acredito, que uma das fases mais difíceis na vida de um adolescente, é quando ele se torna um vestibulando. É nesse período que surgem as crises de identidade mais complexas e toda aquela questão do “Ser ou Não Ser”. É justamente nessa fase que surge um dos nossos piores medos. O medo de:"De fato, não ser".

Recordo-me como se fosse ontem do meu periodo de vestibulando. Vida ralada, sofrida, um verdadeiro inferno. Fiquei horrível. Com a cara cheia de espinhas, infestada de caspa e totalmente anti-social, mas no fim de tudo valeu a pena. E aproveitando que nos encontramos na semana do "vestiba", quero contar-lhes as desventuras de um vestibulando em dias de prova.

Imaginem alguém completamente apreensiva, assustada e insegura. Imaginaram??

Esse alguém era eu no primeiro dia de prova. Nunca tive tanto receio de algo como naquele dia. Eu batia na cadeira, tomava água, me empanturrava de chocolate e nada do fiscal entregar a merda da prova. Após 37 longos e intemináveis minutos de espera, finalmente eu recebi a bendita, e honestamente, ao tê-la em minhas mãos descobri que enquanto só a esperava, a aflição era bem menor. Quando comecei a ler a prova, o branco que até o presente momento era apenas um fatasma distante que pairava em minha mente, se materializou em meu cérebro e me vi diante do desespero de não "saber" de nada. Eu lia e relia a prova e não sabia o que responder(chutei um grande número de questões), o que me fez chegar em casa frustrada, claro. Tentei me consolar, explicando para mim mesma que não eram as minhas específicas, daí o motivo de não ter me saído tão bem quanto esperava.

Refeita e resignada, fui para o segundo dia da maratona que é o vestibular. Estava até confiante apesar do ocorrido do dia anterior. Doce ilusão a minha, pois a prova de geografia tava matando e a de história(minha matéria preferida) não era uma prova, era a besta fera segundo algumas pessoas(é óbvio que concordei inteiramente com elas). Mas nem tudo estava perdido. Ainda tinha a redação e eu sabia que não iria me sair mal. Só que Murphi definitivamente queria me ferrar, e fez com que eu fizesse o que jamais faria, esquecer o título de um texto. Quando entrei no carro que lembrei da merda que tinha feito me segurei para não chorar. Naquele momento, vi todos os meus planos destroçados e meus sonhos afogados no mar da desilusão. A partir daquele instante, acreditei estar automaticamente desclassificada e decidi prematuramente que não faria a prova no terceiro dia. Felizmente, criei coragem e contei a um amigo o que tinha acontecido(até então o simples fato de lembrar o ocorrido me fazia chorar) e ele me fez ver que tal decisão era um equívoco.

Terceiro e último dia, lá estava eu, cansada, desatenta e desânimada. As discursivas estavam imoralmente fáceis para quem se recordava algo, e não era o meu caso. Cheguei em casa exausta, destruida. Três dias de vestibular dão um sono e um cansaço fora do comum. Então dormi, dormi e dormi, afinal de contas eu merecia descançar.

Mas, até hoje não descobri o que é mais torturante: se são os dias de prova ou o dia do resultado. Nunca esquecerei a angústia que é ficar diante daquela tela azul vendo um monte de nomes amarelos passarem, desejando de uma forma quase insana que o seu nome esteja lá também. Quando finalmente vi meu nome passar naquele ridículo fundo azul(ainda não tenho palavras para descrever esse momento) senti algo indescritível me invadir, e foi exatamente nesse instante que percebi que todos os meus esforços tinham valido a pena.

Sendo assim, desejo a todos os vestibulandos que por ventura leiam este post, uma Boa Prova e caso a aprovação não role dessa vez, vocês terão muitas outras chances. Lembrando que o importante é se divertir e ter boas histórias para contar.

Editado Por: Junior Santos